Talvez ele seja o Noah - Propósito

Capítulos anteriores: Talvez ele seja o Noah - Desgraçamento de cabeça 

                            Talvez ele seja o Noah - Silêncio 

M: Enfim ela dormiu. – Falou Musa, descendo as escadas. 

C: Ela não está bem, é nítido. – Falou o Cara da Roda Gigante, sentando no sofá. 

M: Porquê o senhor não está fazendo nada? 

C: Ela está pagando o preço, Musa, ela não nós ouviu. Quantas vezes você bateu na porta do banheiro naquela noite? Quantas vezes pediu para ela pensar? Todas as ações existem consequências e reações. 

M: Eu entendo. Respeito. Mas quero fazer um propósito com o senhor... Eu sou ela, sabe? Eu não posso desisti, não posso deixa-la... – Musa sentou do lado do Cara da Roda Gigante – No fundo, todos nos sabemos da resposta, mas ela parece não ver, ou melhor, no fundo até ela sabe... 

C: O quê você quer? – Fitou-a profundamente. 

M: Eu quero pedi que fale com ela, dê o sinal que ela quer, fale com ela, dê sua resposta. Veja bem, não quero que ela não pague os preços, não vamos mudar os ciclos, mas vamos dá o quê ela quer. O que ela vai fazer com tudo, aí é com ela, mas ela precisa saber se ele é o Noah. 

C: Não sei, Larissa me dá e tira toda hora esse controle, ela precisa aprender as lições, ou melhor, entende-las. – O Cara da Roda Gigante levantou do sofá e foi até a janela. 

M: Eu sei, mas dizer se ele é ou não o Noah, não vai impedir que ela pague os preços. – Musa levantou e foi até a janela. – Eu quero abrir um propósito, hoje, quero que diga a ela hoje. Se ele for o Noah, ele vai procura-la, vai chamar atenção dela de alguma forma possível, vai falar com ela sobre qualquer assunto que seja, se passar 24 horas e ele não falar, ela vai saber que ele não é o Noah. 

 ... 

Acordei ainda com os olhos inchados de tanto chorar, aquela tinha sido mais uma das noites difíceis.

L: Bom dia, Musa. Tive um sonho estranho, com você e o Cara da Roda Gigante, talvez deva ter sido pela nossa ultima conversa... – Falei rápido, engolindo o café.
M: Como foi?
L: Você pedindo pra ele me falar se ele é o Noah, mas parece que ele já desistiu de mim, não importa o que façamos... 
M: Ele vai te dizer, ainda hoje, se é ou não.
L: Oi? – Parei tudo que estava fazendo e olhei para a Musa – Peraí, você está me dizendo que aconteceu, abriu mesmo um propósito?
M: Sim. E se ele não falar, acabou, entendeu?
L: Não, Musa, peraí, ele vai me dizer, ele vai mesmo me dizer...
M: Calma! – Musa parou na minha frente e me segurou nos braços – Você vai sair pra trabalhar, vai fazer suas coisas normais, como se fosse um dia normal, não quero que fique ansiosa, e que não fique esperando por nada, essa resposta pode ser positiva ou negativa, não quero que fique pior do que já está. Entendeu?
L: Entendi.

Naquela viagem de ônibus para o trabalho, chorei mais uma vez. 

Era inevitável não pensar sobre o propósito, e de como essa resposta poderia mudar a minha vida. Conversei baixinho com o Cara da Roda Gigante e pedi força, pedi paciência, pedi que me fizesse descansar, mas aquela terça-feira já estava desenhada, os dados já tinham sido lançados, e eu só queria conseguir levar aquele dia como outro comum.
E assim o fiz, ás 07:00 já me estressava com e-mails e planilhas. Envolvidas com os processos, não observei que uma Anciã, muito sábia, que trabalha comigo, parou do meu lado e sorriu. Após alguns minutos, eu a percebi.

A: Desculpa, mas estou desde cedo sendo incomodar a te dizer algo. – Falou a Anciã, ainda sorrindo.
L: Oxente! Pode falar, não precisamos dessas formalidades, aconteceu algo, como posso te ajudar? – Falei sorrindo para Anciã.
A: O Cara da Roda Gigante manda te dizer, que o que você quer saber, a resposta é sim. – Falou ela ainda sorrindo.
L: O quê? – Puxei-a para fora da sala e a coloquei sentada em uma cadeira, me abaixei e olhei dentro dos seus olhos – O que você sabe sobre isso?
A: Eu? Nada sei. Mas você sabe, na verdade, só você sabe, não é mesmo?
L: Sim, quer dizer... Então, ele é o Noah?
A: Não sei do que você fala. Só sou um ser de luz, servindo de ferramenta para o Cara da Roda Gigante. Você sabe o que é, olhe pra dentro de si, pense no que tem feito, o que tem tirado seu sono... Eu preciso ir.

A partir daqui, para ler ouvindo: “Cough Syrup” - Young The Giant 

A Anciã levantou e saiu. Eu levantei e imediatamente fiquei zonza. Comecei a caminhar no corredor, me segurando nas paredes, até chegar ao banheiro. Meu coração acelerou. Minhas vistas ficaram turvas e a sensação que tinha era que minha pressão estava baixando lentamente, fazendo com que eu ficasse mais tonta. Me tranquei no banheiro, sentei no vaso, e tentei equilibrar minha respiração. O meu coração acelerou ainda mais, a boca ficou seca. “Eu vou desmaiar!” - pensei, sentindo a adrenalina do meu corpo. Comecei a ver os vagalumes e já não conseguia enxergar. Me segurei nas 2 paredes e, finalmente, comecei a chorar copiosamente, tremendo e sussurrando “ Ele é o Noah, ele é o Noah!”. Olhei pra cima e comecei a agradecer.
Saber que o Comendador era o Noah, é a certeza que não estava ficando louca, eu sabia que tinha acertado no pulo, eu escrevi o Noah, sabia que o reconheceria, sabia que amava a pessoa certa.
Após chorar o mundo, sair do banheiro, lavei o rosto, e tentei me manter plácida para o dia que ainda ia seguir. Me olhei no espelho, e me questionei como o Cara da Roda Gigante usou a Anciã, tentei lembrar rapidamente se, talvez, esse sim seria de outra coisa, mas só poderia ser sobre o Noah.
Sentei na minha mesa, abrir meus e-mails, e comecei a trata-los. Ao abrir o primeiro e-mail, meu celular, que ficou na minha mesa o tempo todo, vibrou com a chegada de uma mensagem no What. Olhei somente a notificação, quando vi a foto dele, abri a mensagem e comecei a chorar de novo:

 C: Bom dia! Você ainda tem falado com fulana? 

 Continua...